segunda-feira, 30 de julho de 2007

O surgimento do cinema.

Bem ainda no clima do III Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual. Hoje eu vou falar do surgimento do Cinema!
Pra começar vou usar um termo técnico. Começarei fazendo uma panorâmica dos acontecimentos que levaram ao surgimento do cinema, até chegar aos irmãos Lumière e depois vou completar com alguns comentários feitos pelo cineasta espanhol Fernando Trueba que em 1993 ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro com a película Sedução.
Bem desde o inicio dos tempos, o homem sempre desejou reproduzir o movimento. A prova disso são os desenhos encontrados nas cavernas de Altamira na Espanha onde um bisão desenhado há 12 mil anos apresenta 8 patas como se o autor tentasse decompor o movimento.
No século XVIII o alemão Athanasius Kircher inventou a lanterna mágica, que era composta de uma caixa, uma fonte de luz e lentes que enviavam imagens para a tela.
No século XIX os franceses inventaram a fotografia.
Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio.
Foi na França, na época em que os pintores impressionistas decompõem o movimento e a luz, que nasceu o cinematógrafo.
Embora seja a França o país que reivindica para si a descoberta do cinema, com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Luis e Augusto Lumière, não se pode dizer que esta invenção aconteceu isoladamente. Em outros países, várias experiências também estavam sendo realizadas.
Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouvriers de l'usine Lumière (A saída dos operários da fábrica Lumière) e L'Arrivée d'un train en gare (Chegada de um trem à estação), breves testemunhos da vida cotidiana.
Em 1872, um milionário americano fez uma aposta. Ele garantiu que, quando o cavalo galopa, há um momento em que este fica com as 4 patas no ar. O fotógrafo inglês Muybridge decidiu fazer a demonstração. Colocou lado a lado 24 câmeras fotográficas presas por fios que, ao serem tocados pelas patas do cavalo, acionam as máquinas tirando 24 fotos que registram todos os movimentos do galope. Ele provou assim que, de fato, há um momento em que as 4 patas não tocam o chão. Sem o saber, ele dava um passo fundamental para o nascimento do cinema.
Os filmes dos irmãos Lumière eram de curta duração (um minuto) e não contavam uma história. Apenas registravam cenas da vida cotidiana: a chegada de um trem na estação, a saída de operários da fábrica, a queda de um muro, um bebê sendo alimentado, etc. Para os irmãos Lumière, o cinematógrafo era apenas "uma invenção sem futuro".
O primeiro filme de ficção cientifica foi feito em 1902 pelo mágico e diretor de teatro, o francês Georges Méliès, o filme durava minutos e é inspirado nos romances de Julio Verne, a película se chama: Viagem à Lua.
Em 1903, o americano Edwin S. Porter fez um filme que acabou com as formas teatrais do cinema: O grande roubo de trem é considerado o primeiro bang-bang da história do cinema. Porter consegue descobrir o ritmo cinematográfico, mostrando várias ações simultâneas.
Mas foi outro americano, David Ward Griffith, que mais contribuiu, na época, para a formação da linguagem cinematográfica. Dirigiu Intolerância (1915), com mais de duas horas de duração. Os filmes até então eram todos curtos. Enormes primeiros planos close, não somente de rostos, mas de mãos e objetos, mostravam a preocupação de Griffith em dar uma forma nova à narrativa, isto é, à maneira cinematográfica de contar história. Se Edwin Porter descobriu o tempo, Griffith colaborou para modificar o espaço.Nessa época, o filme era mudo. Não tinha som. Colocavam um pianista no palco para tocar, dando mais emoção às cenas.O gênio do cinema silencioso foi o inglês Charles Chaplin, que criou o inolvidável personagem de Carlitos, mescla de humor, poesia, ternura e crítica social. The Kid (1921; O garoto), The Gold Rush (1925; Em busca do ouro) e The Circus (1928; O circo) foram os seus filmes longos mais célebres do período. Depois da primeira guerra mundial, Hollywood superou em definitivo franceses, italianos, escandinavos e alemães, consolidando sua indústria cinematográfica e tornando conhecidos em todo o mundo comediantes como Buster Keaton ou Oliver Hardy e Stan Laurel ("O gordo e o magro"), bem como galãs do porte de Rodolfo Valentino, Wallace Reid e Richard Barthelmess e as atrizes Norma e Constance Talmadge, Ina Claire e Alla Nazimova.
As primeiras câmeras eram pesadas. Com o tempo, conseguiram fabricar câmeras mais leves e isso facilitou o registro de pessoas, transportes, animais em movimento. Esse movimento chama-se "travelling". Ele permite maior mobilidade às cenas, deslocando a câmera para frente, para trás, para a direita, para a esquerda, para cima e para baixo. A panorâmica outro movimento importante, é diferente do "travelling" porque a câmera não sai do lugar, fica presa no tripé fazendo um movimento de 180 graus para a direita ou para a esquerda, imitando o olhar quando giramos a cabeça. Quando você assistir a um filme, repare: várias vezes ele começa com uma panorâmica, pois, com esse movimento, o cineasta estará mostrando ao espectador o cenário onde vai acontecer a história.
Um filme é feito em várias etapas. A primeira etapa é o roteiro - história escrita na língua do cinema, com todos os seus termos técnicos - e nele de - vem estar indicados todos os planos, pontos de vista, enquadramentos, isto é: plano geral, plano médio, primeiro plano, etc, movimentos de câmera (travelling e panorâmica), diálogos, ruídos, elementos do cenário e figurinos.
Quando o cineasta aproxima a câmera num primeiro plano (close) destacando um objeto, este adquire maior importância dentro da história. Isto é linguagem.
Quem eram os irmãos Lumière?
Nascido no distrito de Haute-Saône (França) em 13 de março de 1840, Antoine Lumière era um homem de caráter que sempre demonstrou interesse na parte artística, tanto na pintura quanto no canto, e em 1894 apoiando a invenção dos filhos e sabendo aproveita-la.
Com 19 anos casou-se, Antoine se estabeleceu em Besançon como pintor e depois como fotógrafo. Seus dois primeiros filhos nasceram em Besançon, Auguste em 1862 e Louis em 1864. Em 1870, a família Lumière fugiu do nordeste da França, por causa do exército prússico e se estabeleceu em Lyon. Um negociante nato, Antoine abriu um estúdio fotográfico no centro da cidade. Ele também era muito inovador, antes da cidade Ter luz elétrica ele instalou em seu estúdio o sistema van der Veyden e possuía luz elétrica, podendo oferecer grande qualidade em suas fotos até mesmo de noite.
Antoine ficou atento às novas invenções no campo de fotografias em movimento e ao mesmo tempo na educação dos seus filhos. Louis e Auguste estudaram no La Martinière, a maior escola técnica de Lyon na época.
Seu filho mais novo, Louis, desenvolveu o processo dry-plate photo, conhecido como Etiquette bleue (produto que durou até a década de 50), que trouxe fama e sucesso financeiro para a família. Para produzir e comercializar os plates, Antoine Lumière comprou um grande terreno em Monplaisir, subúrbio de Lyon. Começou com 12 trabalhadores em 1884, para se tornar um grande complexo industrial com mais de 300 trabalhadores em 1895. Com fábricas em Vermont nos Estados Unidos, e em várias cidades da França, a "Société anonyme A Lumière et ses fils" logo se tornou uma multinacional. A fortuna cresceu rápido.
No outono de 1894, Antoine Lumière pediu para seus filhos resolverem um problema que ele estava tendo com animação de imagens, problemas que grandes inventores como Edison não conseguiram resolver. Esse empurrão paternal na direção certa resultou na invenção da "Lumière Cinematograph". Os irmãos Lumière - Inventaram o cinematógrafo, em 1895. Os irmãos Auguste e Louis Lumière fazem uma tremenda mistura: o cinetoscópio de Thomas Edison + uma máquina de costurar + câmera de tirar fotos em série + projeção das imagens em tela.
Como assim? É que, para mostrar o movimento, é preciso primeiro fotografá-lo em série. Depois, para mostrá-lo numa tela, o filme é rodado em alta velocidade em frente a uma luz. É aí que entra a máquina de costura: construindo um mecanismo parecido com ela, os irmãos Lumière perceberam que conseguiam a velocidade suficiente para rodar os filmes, para as imagens parecerem reais.
Bem segundo o cineasta Fernando Trueba, Diderot “foi o inventor do cinema”, mesmo que tenha sido na teoria, pois ele veio antes mesmo dos Irmãos Lumière, na verdade ele já falava de cinema antes mesmo de ser inventado o equipamento de filmagem.
Os irmãos Lumière não acreditavam que o cinema fosse ter vida longa e de certa forma estavam corretos, pois o publico começou a se cansar daquelas filmagens, onde só tinham coisas do cotidiano, ou locais. De fato o cinema “acabou”, “aquele” cinema, dando lugar a um “novo cinema” onde tinha a ficção ou a verdade de outra forma, como fizeram com a guerra de Cuba.
Robert foi segundo Trueba o diretor mais “invisível”, pois ele colocava a câmera na altura de um ator de estatura mediana e filmava, o que fazia com que ele “sumisse” no filme.
Pra finalizar eu vou colocar a entrevista concedida por Fernando Trueba para a Equipe do ComunicaGente, que é formada por mim (Thiago Portugal), Diego Salviano e Vinicius Silva.

Fernando Trueba é um cineasta espanhol e teve projeção internacional quando ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com “Sedução”. Trueba também filmou um longa em Salvador, intitulado de El Milagro del Candeal”. Neste filme ele se volta para a musicalidade e para a sobrevivência deste bairro periférico da capital baiana. Com a ajuda de Carlinhos Brown, que desempenha um papel social importante dentro da comunidade, Trueba filmou ele em Salvador e terminou a sua produção na Espanha. Além disso, gravou também cenas do Carnaval baiano. Nesta entrevista ele fala desse projeto, do futuro e explica o porquê de se considerar conservador.
ComunicaGente - Qual o real motivo pelo senhor ter gravado “El Milagro del Candeal” em Salvador? O que o despertou para tratar da realidade baiana?Fernando Trueba - Primeiro, quando eu descobri o Candeal fiquei assim enamorado com as pessoas. Mas, o meu desejo de fazer este filme é que sempre o cinema, ou a televisão vai a essas comunidades mais pobres do Brasil para filmar o crime, a violência, a droga. O que eu descobri no Candeal foi à beleza do esforço humano por melhorar as vidas. Então, eu queria fazer uma observação diferente da habitual, mostrando o talento, a beleza, o trabalho dessas comunidades.
CG - O senhor pretende fazer algum outro filme em Salvador ou no Brasil?Trueba - Estou fazendo um filme no Brasil, um documentário que pretendo terminá-lo no ano que vem. Porque eu sempre vou filmando pouco a pouco, mas acredito ter filmado umas 150 horas desse documentário sobre o pianista Tenório Júnior, que na minha opinião, foi o grande pianista do jazz brasileiro e que foi assassinado em 1976. Então, estou trabalhando no documentário sobre a sua vida, sua morte, sua música, o que ele representou sobre a morte da música instrumental brasileira.
CG - O senhor se considera conservador. Qual o seu pensamento a cerca da digitalização do cinema atual?Trueba - Quando eu digo conservador, é mais por humildade cinematográfica. Eu me considero conservador por causa da política, porque acredito ser uma pessoa de esquerda e penso que a realidade deva ser transformada e que devemos lutar por uma realidade melhor. Em um Mundo onde as pessoas são vanguardistas, eu defendo mais a idéia de um diretor que conta histórias, como se fosse para os seus amigos.
CG - Pra finalizar, qual a sua visão sobre esta iniciativa da Bahia de promover este III Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual?Trueba - Eu penso que isso é muito importante para o Estado, porque é bom para os jovens que poderão assistir às discussões interessantes, ver diferentes maneiras de entender o cinema, a prática do cinema. Discutir isso tudo é muito bom.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Bem como a maioria das pessoas sabem essa semana eu estava fazendo a cobertura do III Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual e como não poderia deixar de ser minha primeira postagem eu farei uma rápida avaliação do seminário.
Bem eu posso afirmar que foi um ótimo seminário, com discussões bastante produtivas e com alguns momentos de tensão. Tiveram a exibição de alguns curtas e longas metragem, e a participação de alguns cineastas que exibiram e comentaram sobre seus filmes. Saio desse seminário, bem mais esclarecido em relação a vários assuntos relacionados ao cinema e ao audiovisual, sem falar que fico contente com os nossos críticos de cinema muito bem representados lá, e saio com a esperança de que aconteçam novos eventos parecidos com esse em Salvador e com a esperança de ver novos trabalhos feitos por cineastas baianos, que já tem uma tradição em fazer Filmes Brasileiros de qualidade.
Queria aproveitar para agradecer aos meus Amigos Diego Salviano e a Vinicius Silva, que brilhantemente encabeçaram comigo um novo projeto, que é a agencia de noticias ComunicaGente, porem não posso esquecer de agradecer a Lorena Nascimento, Vinicius Alves, Webert, a Mônica Rodrigues e a Luciana Neto que foram de fundamental importância para que essa cobertura desse certo.
Muito obrigado a todos e até uma próxima postagem.
Jacó